quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Curso Capacidade de Existir




Turma Leblon - 3as. feiras:
início - 05 de março - término - 23 de abril
horário: das 14:30 h às 16:30 h

Turma Leblon - 4as feiras - Turno da Tarde:
início - 06 de março - término - 24 de abril
horário: das 14:30 h às 16:30h

Turma Leblon - 4as feiras - Turno da Noite:
início - 06 de março - término - 24 de abril
horário: das 19:30 h às 21:15 h

Informações e Reservas: (21) 9983-5751 (ILANA)

Centro de Eventos do Ed. Leblon Corporate
Rua Dias Ferreira, 190 – Leblon


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Capacidade de Existir – O Novo Curso



Outro dia enquanto pensava na superação me veio a mente uma reflexão que li do escritor Alexandre Lacroix que está com o lançamento do romance “Voyage au centre de Paris”.
Lacroix, diretor da “Philosophie Magazine”, reflete no editorial a passagem dos acontecimentos através da imagem de um avião na decolagem e assim nos fala: “O aparelho se acelera sobre a potência dos motores, as rodas deixam o asfalto e você começa a viver a estranha sensação de afundamento na poltrona, sinal que começa a ganhar altitude. Pela pequena janela oval você vê um veículo que transporta bagagens, depois a torre de controle, depois o aeroporto... Por sorte o tempo está claro e alguns minutos mais tarde a teia de aranha das ruas da capital com seus monumentos remarcáveis se formam em sua visão... A mesma coisa para a nossa história...” 
A linha de ideia deste escritor se misturou a minha e pensei: Cada período de nossa vida, cada acontecimento, para ganhar maior perspectiva é necessário se desligar através de uma decolagem indispensável. Nela uma imagem clara se forma em nosso interior como a teia de ruas de uma cidade fica toda visível em nossos olhos através da altitude e distanciamento que o avião nos posiciona ao alcançar a altura.
Para que uma pessoa possa compreender uma passagem da vida ou aspectos maiores de uma situação que esteja imersa precisa muito mais do que reunir arquivos de conhecimento sobre a situação. A dimensão objetiva das situações é insatisfatória para conquistar claridade sobre uma experiência. É necessário conquistar um sentimento subjetivo de modo a colorir os fatos para que possa a pessoa ampliar a visão de si diante das coisas através do distanciamento que a decolagem proporciona.
Um levantar voo já é a permissão de sair de um lugar rumo a outro, já implica na disponibilidade para realizar um percurso veloz e elevado de novo pensamento.
Na sexta-feira, véspera do carnaval no Brasil, eu estava num café na rue de Rennes e quando fui pagar a conta... Onde estava a minha bolsa? Lugar algum. Levaram!!! Roubaram!!! Café vazio às 18:00h.
Nunca havia sido assaltado em minha vida... Aconteceu aqui em Paris para engasgo dos franceses que conheço que sempre perguntam sobre os assaltos no Rio de Janeiro.
Passei uma semana, com providências para cancelar cartões, invalidar celular, ir à polícia, ao consulado para obter o documento chamado “Laissez Passer” e com altos e baixos fiz o luto. Agora estou direcionado no porvir, no projeto do novo curso que se aproxima e como me bem aconselhou a Sandra do consulado: “Faça uma crônica sobre os seus sentimentos e comece então a ganhar com a perda. Aproveite para dizer aos brasileiros para ter atenção, pois a moda agora é assaltar nos lugares fechados; Um casaco que desaparece no restaurante, a bolsa que se desconstrói enquanto você pega algo no Buffet do café da manhã, o cofre do quarto roubado em que o hotel não se responsabiliza”. Adorei ser aconselhado e como agradecimento ao acolhimento carinhoso, bem obediente dou o recado e igualmente obediente escrevo estas linhas.
Hoje levantei pela manhã com a determinação de “decolar-me” desta história e me distanciei do que era irreversível...
A vida também leva conteúdos e pessoas que gostaríamos de jamais perder. A vida às vezes assalta rápido, sem margem de tempo para reagir e se defender, mas ela também apresenta o seu aspecto justo: 
Somos fundadores livres do modo pessoal de reagir e de se perspectivar diante de cada assalto a um sonho, um desejo, uma realidade ou mesmo um amor.
Se perspectivar é se libertar, é alçar voo e com isto ganhar distância.
Se perspectivar é perdoar.
Como falou Nietzsche na “Segunda Consideração Intempestiva” é importante saber se refugiar na veneração das grandezas para se persuadir que não há mais o que fazer.
Como um amigo me disse: faça um projeto de reposição gradual, como se fosse uma chance de renovação. Já fiz meus novos óculos, já repus minha moedeira, uma nova bolsa com a solidariedade das pessoas próximas... Um roubo leva, mas um roubo traz... O que aporta para mim? O testemunho da solidariedade, até da polícia francesa, hoje passado uma semana uma agente me ligou para saber notícias e fazer recomendações... 
Se virar para o passado, qual o interesse? Numa história de antiquários permanece o que tem profundo valor... 
O que tem valor?
A percepção da “Capacidade de Existir” diante do que inexiste diante do que poderia desaparecer, mas persiste em permanecer, diante de tudo.
Levantei voo em direção ao que ninguém tem condição de roubar o Poder de Continuidade Apesar dos Pesares.
Para 2013 inauguro os cursos com o tema  Capacidade de Existir – 
Aliás, é com ela e através dela que o ser humano cria e recria a si mesmo.
É com a capacidade de existir que o que desaparece de nossa vida fica impedido de fazer desaparecer a nossa própria vida.
Assaltos podem servir para saltos de percepções da imensa capacidade que temos de diante dos problemas encontramos a derivadas soluções.

Dia 05 de Março Turma de Terça-feira
Horário: das 14:30 h às 16:30 h
Dia 06 de Março Turma de Quarta-feira
Turma da Tarde / Horário: das 14:30 h às 16:30 h
Turma da Noite / Horário: das 19:30 h às 21:15 h

Até Lá! Decolo em breve em direção ao Rio de Janeiro.
Na Bagagem? A Capacidade de Existir.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Saída: Novo Caminho




Outro dia fui jantar no restaurante “Il SUPPLI” com uma amiga que foi a segunda pessoa que conheci aqui em Paris há 20 anos. Aliás, um ambiente muito charmoso e uma excelente cozinha que fica em Saint Germain. Ela me pediu para ir com um amigo que estava de passagem por Paris, que vou chamá-lo de Philippe Julien, um nome próximo do verdadeiro. Ele veio para ter uma sessão com um terapeuta.
Em um determinado momento durante a nossa deliciosa degustação da entrada que se chama Assortimento Italiano Maxi, Philippe começou a contar o porquê tinha marcado uma consulta... Com os olhos voltados para a minha amiga, me disse: “Há dez anos perdi minha mulher num acidente de carro e tenho a impressão que ainda não me recoloquei na vida, mesmo que hoje eu tenha uma companheira. Não vivemos juntos. Minha mulher estava no retorno do trabalho e conforme testemunhas, de modo súbito perdeu a direção e teve morte instantânea. Vi-me diante deste drama com três filhos, que se conduzem com muito equilíbrio apesar desta perda brutal e precoce. A caçula mora comigo, pois ainda está com 15 anos. O tempo passou eu bem sei, mas o problema é que depois deste acidente, me sinto frágil e tenho sempre medo que me aconteça qualquer coisa. Eu fico sem saber se teria forças para passar por mais uma provação. Sabe?” Continuou a me falar numa emoção contida “Minha mulher foi o meu grande amor... Vim a Paris porque precisava falar com alguém... Preciso me desconectar deste susto. Ainda estou em suspenso, como se estivesse parado num ponto a espera de não sei o que.”
Enquanto ele falava comecei a passear pelas trilhas de minhas reflexões em relação às histórias de dor e de busca de continuidade.
O drama de Philippe Julien tem um lado do inexplicável do destino. Torna-se difícil ultrapassar um drama quando ele parece inexplicável. Uma das grandes buscas em análise é dar um sentido aos acontecimentos, é encontrar uma razão ao vivido. Tem dois tipos de busca na ajuda terapêutica. Para algumas pessoas a necessidade de realizar uma análise nasce na vivência das situações difíceis e repetitivas, para outras, como para este homem de 49 anos, o desejo surge diante do encontro com os dramas dos quais em nada foram responsáveis pelo acontecido. Dentro destes casos, melhor que a ruminação estéril e improdutiva, o melhor é sempre se lançar em novos desafios na vida, pois se lançar em projetos é colocar a vida de novo nas próprias mãos, para se criar a sensação de controle e abrir a mente para os pensamentos de um novo futuro.
O psicanalista disse a Philippe: “Você esta preso na perplexidade... Se lance em um de seus projetos que estão em sua cabeça, para que esta fase não dure muito, senão ela poderá se transformar em morosidade e depois em morbidez. Evite que este drama se torne uma tragédia pessoal”.
“Sabe Manoel, - me disse ele já encerrando o assunto no tempo permitido a se lançar um tema desta ordem no contexto de um jantar aqui em Paris -, queria apenas com uma sessão verificar se eu tinha me conduzido bem e, sobretudo ter uma orientação sobre o que fazer para dar continuidade a minha vida num espectro maior... Dentre tantos desejos que guardo em mim, decidi me mudar para Paris e transferir a sede da minha empresa para cá. Vou sair dos terrenos mais calmos, onde vivi o meu casamento e o meu luto e fazer uma nova perspectiva. Aqui vou fazer a gestação de mim. Vou guardar o Phillippe e viver a partir da outra parte de mim que é o Julien”. Olhou para mim e perguntou: “O que acha?” Levantei a Taça com o maravilhoso vinho tinto e brindei: Ao Julien de Paris... 
Fiquei aliviado por testemunhar o encontro de uma pessoa com a saída do labirinto da dor. Pensei nos brindes que podemos realizar diante das permissões de continuidade apesar dos pesares.
Pensei nas taças que podemos erguer para brindar a parte de si renascida. Há no Philippe a presença eterna de sua dramática história, mas há nele também a parte que ele salva de morrer como sua mulher. Ele se ergue com a parte Julien.
Eu, você e qualquer pessoa poderemos pegar um sonho reserva para erguer a nova vida.

Acabei de ver o depoimento de uma menina chamada Malala Yousafzai que foi atingida num atentado a um ônibus escolar no Paquistão. Saiu profundamente machucada e com ajuda humanitária mundial foi levada para Londres. Antes de se submeter a segunda cirurgia, deu uma entrevista coletiva em que disse que agora a nova vida que D’us deu a ela, será toda dedicada as crianças que sofrem devido aos fanatismos. Malala Yousafzai encontrou um novo sentido, deu uma direção e pegou a parte renascida e ergueu sua vida através de um novo ideal.
Um brinde as Malalas da vida!
Um Brinde a Vida!
Um Brinde as Saídas de Julien, de Malala e de Todos Nós!