sexta-feira, 26 de abril de 2013

Capacidade de Existir - O Coach Internalizado

Informamos que na semana de 1º de maio não haverá aula em nenhuma das três turmas. Retornaremos com o novo curso "Capacidade de Existir - O Coach Internalizado" que iniciará nos dias 07 e 08 de maio com suas respectivas turmas de 3ª e 4ª feiras.


Turma Leblon - 3ª feiras das 14:30 h às 16:30 h
Início: 07 de maio - Término: 25 de junho
Turma Leblon - 4ª feiras - Turno da Tarde das 14:30 h às 16:30 h
Início: 08 de maio - Término: 26 de junho
Turma Leblon - 4ª feiras - Turno da noite das 19:30 h às 21:15 h
Início: 08 de maio - Término: 26 de junho

Valor da mensalidade: R$ 390,00 - Valor da aula avulsa: R$ 100,00
Centro de Eventos do Ed. Leblon Corporate - R. Dias Ferreira, 190 Leblon.
Informações e reservas: ( 21 ) 9983-5751 ( Ilana )

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Abastecer o Inconsciente

Outro dia li uma entrevista com o economista grego, Loukas Tsoukalis, especialista e professor de integração europeia na qual falou sobre a crise nos países da comunidade do euro, onde sinalizou sua ideia sobre a falta de um estadista no mundo, de um líder político consistente e carismático para gerar uma unidade de sensação de segurança.
Ao ler esta declaração sobre a falta de um líder, pensei a respeito da mente que necessita de uma linha de raciocínio para refletir e fazer que possamos ter uma ideia consistente que nos oriente e responda questões.
Aprendemos uma série de coisas, colecionamos em nós, nomes, filmes, livros, situações, mas será que alguém sabe responder o que de fato é necessário encontrar para se suprir no campo psicológico?
Vejo no Hortifruti, que adoro ir, mulheres, homens com listas ou com apenas os olhos e os carrinhos abertos ao que as mãos seguram das prateleiras. Com certeza sabem sobre vitaminas, clorofilas, sobre o excesso e a falta do açúcar, enfim sabem tantas coisas sobre como misturar um queijo brie com a geleia de damasco, mas será que as pessoas sabem responder sobre o que pegar nas prateleiras do “supermercado mundo” para se abastecer?
Nosso inconsciente é plural e necessita, como o corpo, de elementos diversificados.
Precisamos de dose de mãe, de pai, de irmão, de irmã, de amigos, de criação, de erotismo, de sexualidade, de marido, de mulher, de filhos, de avó, de avô, de casa, de viagem... Precisamos encontrar tantas coisas para abastecer o carrinho existencial...
A felicidade é um presente de gratidão de nosso Inconsciente Plural. 
Será que a lista de prioridades está clara na sua consciência?
Sendo o inconsciente plural, a dose de um único item irá satisfazê-lo?
Ter só a maçã para se suprir por completo?
Será também que está cercada de vários itens, mas se sente distante da felicidade? Será neste caso que a dose vivenciada de cada elemento de sua vida está sendo vivida na boa medida?
Ingestão contínua de ginástica e mais nada, ingestão de casamento em bulímicas doses...
A tristeza é a linguagem de nosso inconsciente plural que nos fala de sua anemia.
A tristeza nos deixa fraco porque nosso interior está desabastecido de bons alimentos ou de alimentos em doses erradas.
Se somos constituídos dessa pluralidade, a diversidade em medidas lúcidas e sábias nos fortalece.
A Biodiversidade Existencial é um ato de um bom sabedor dos nutrientes psíquicos necessários.
Como uma excelente receita de Dorival Caymmi: um cadinho de ioô, um cadinho de iaá... 
Bota castanha de caju, um bocadinho mais;
Pimenta malagueta, um bocadinho mais...
O economista falou que falta um líder para organizar a crise...
Quem sabe a crise do continente Você, esteja presente porque falta ser liderado por uma boa noção de economia psíquica? Oferta, demanda, valor agregado, produção e produtividade. Diante das prateleiras do mundo, saiba abastecer seu carrinho existencial... Olhe os prazos de validade vencidos, olhe os que são desnecessários e os fundamentais.
Um pouco de uma coisa, de outra, depois outra, uma mistura no sábado de tudo e na segunda-feira o que faltou no domingo e assim... Dia a dia com a nova nutrição mais balanceada a crise passa.
A saúde de seu inconsciente plural será a felicidade.

Imagem: GettyImages

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Juntos e Misturados?


Outro dia me lembrei de que contei na aula que há seis anos, estava num sábado à noite deitado mais ou menos a uma da manhã, quando comecei a ouvir um barulho de água. A princípio, devido ao silêncio da rua, pensei que fosse o ruído mais nítido da fonte que tenho num pátio, mas alguns minutos depois percebi que vinha de outra direção e resolvi seguir como se segue o fio de Ariadne que se desenrola no labirinto e cheguei a cozinha que havia se transformado num visual de efeito cascata.
Aquilo me tomou como se fosse um vazamento em mim e não comigo. De repente me veio um comando interno de potente ordem que me disse: “Eu não sou a cozinha... A água corre pelas paredes, não em mim”.
Tomei as providências urgentes e descobriu-se que vinha da caixa d’água. As bolhas no teto de gesso pareciam queimaduras de pele devido ao excesso de sol. Voltei para minha cama, liguei por acaso um canal italiano, me coloquei diante de um concurso de dança, e comecei a realizar uma profunda cisão entre “Eu e Isto”.
Esta elaboração incisiva que fazia comigo mesmo, me levou aos conceitos da psicanálise sobre a formação de nossa identidade sob as rédeas do inconsciente, onde tudo e todos que nos identificamos e até nos pertence se mesclam em nós. Assim se forma de modo imperceptível a pessoa que nos tornamos: Juntos e misturados.
Até o dinheiro que você possui, empresta e não é devolvido, causa o mal estar, pois um pedaço de sua constituição está faltante. Quando algo enguiça, parece que se enguiça junto. Uma pessoa sem atenção vigilante se torna a cozinha, o lavabo, o carro, se torna também o André que ela gosta, a Júlia, a Talita, o Maurício, o Júnior seu filho.  Uma pessoa é a soma das identificações. Algo errado com um deles é vivido como se fosse integralmente um problema próprio e profundo.
Um dos grandes trabalhos psicológicos da vida humana é resgatar certo distanciamento desta simbiose, através da percepção consciente para se elaborar uma identidade preservada do mundo exterior, sem se fazer profundamente permeável e nem tampouco impermeável ao extremo. 
As identificações são formas de enfeitar nossa vida, de construir um mundo personalizado. Uma vida sem elas é uma vida morrida, mas ao mesmo tempo uma pessoa tem que ser inteligente diante desta tendência a se perder no outro, a se perder nas coisas sem até mesmo saber quem é como indivíduo.
Na edição de Março da revista CLAUDIA, a atriz Cissa Guimarães fala que sua vontade é estar juntinho de seu filho Rafael, lá no céu, mas ao mesmo tempo sabe que nem ele iria gostar deste encontro fora do tempo. E diz que cabe a ela ficar bem bonita aqui na vida, de modo inclusive a ajudar outras tantas pessoas que passaram por perdas para que possam continuar na existência.
A Cissa trabalha esse resgate de si mesma diante da perda. Ela está no esforço contínuo, da atenção reflexiva para permanecer junto, sem estar psiquicamente misturada. Caso contrário, irá cometer o grande erro existencial de seguir o destino do outro.
O caminho da Cissa é o caminho que todos por razões diferentes têm que seguir para aprender a grande lição da vida – Juntos, bem juntos sem estarmos misturados. –
Quando saí do Shiatsu no sábado à tarde, chovia muito e apesar de adorar, aliás como poucos porque me identifico também com dias cinzentos, me protejo de ser regado pela chuva. Tirei da minha bolsa um guarda chuva. Assim estava nela, cercado de pingos sem ser ela.

Protegido, caminhei pela Visconde de Pirajá, onde meus tornozelos recebiam os respingos da  água que batia na calçada, mas grande parte de mim deixava de ser a chuva. Continuei sendo eu, apesar dos molhados, dos encharcados de uma cozinha, das perdas, das distâncias que me separam de lugares e pessoas que amo. 
Apesar dos enguiços faço uma “Assistência Técnica” contínua para permanecer com a Capacidade de Existir a Plena Eficiência.
Se proteger do real que chega junto e com força para se misturar exige de nós a intenção, a inserção na ideia, e o estímulo do contínuo uso. 
Quem está na chuva é para se molhar, diz o ditado, mas... permanecer nela muito tempo traz até pneumonia.
Arrumei minha cozinha, repintei-a, refiz o teto e zerei os efeitos daquela noite. Um tempo depois em escala muito menor, tudo voltou a acontecer. Nada mais fiz externamente a não ser aprender que as imperfeições fazem parte da beleza.
Eu sigo assim. Você pode também.
Juntos e Misturados?
Nem sempre.

Imagens: GettyImages